Rio – A violência no Rio já faz civis procurarem o auxílio de policiais e de militares para aprender técnicas de defesa pessoal urbana. Com a colaboração de um grupo de instrutores que conta com a participação de membros da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Guarda Municipal, o sargento da Marinha Erasmo Carlos Braga ensina táticas para o cidadão comum se defender (assista ao vídeo com imagens do curso de defesa pessoal).
Nos cursos são simuladas situações de violência que podem ser encontradas no dia-a-dia como saidinha de banco, assalto no sinal de trânsito, assalto em ônibus ou tentativa de agressão contra mulheres. Os alunos aprendem noções de como se prevenir da violência, além de como desarmar e imobilizar criminosos. Erasmo Gomes, lembra, porém que os cursos não têm um vínculo direto com as instituições policiais e militares dos instrutores:
– Não ensinamos o que se aprende no quartel, mas sim uma adaptação para as situações que podem ser encontradas pelas pessoas nas ruas.
Não ensinamos o que se aprende no quartel, mas sim uma adaptação para as situações que podem ser encontradas pelas pessoas nas ruas
O comerciante Marcelo Luiz Araújo, de 48 anos, luta muay thai, jiu-jítsu e taekwondo. Mesmo assim, quis aprender noções de defesa que estivessem mais próximas do que ele poderia encontrar nas ruas:
– Alguns colegas já tentaram reagir e se deram mal, mesmo sendo graduados.
Bom senso
Mas Marcelo sabe que é preciso ter bom senso na hora de tentar uma reação. A prova disso foi um assalto sofrido em abril. O comerciante estava chegando com a mulher e as duas filhas em casa quando foi surpreendido por quatro homens armados. Percebendo que poderia colocar a família em risco, Marcelo preferiu não esboçar reação.
Um dos professores do curso, Luiz Antônio Moraes, instrutor de Combate Desarmado da Core, acredita que sua experiência é um diferencial para os alunos:
– Estamos na ativa e sabemos o que é eficiente. Vivemos e damos a instrução da realidade das ruas.
Os instrutores fazem recomendações:
Quando reagir
Só reagir em último caso, ou seja quando estiver com a integridade física ameaçada ou correndo risco de morte.
A arma
Conhecer a arma do criminoso. Não adianta tentar desarmar uma pessoa sem saber o risco que a arma oferece.
Manutenção
Treinar as técnicas para aperfeiçoá-las e não esquecer o que foi aprendido nas aulas.
Proteção
Caso esteja acompanhado, estudar a situação para que as outras pessoas não sejam afetadas por uma reação equivocada ou precipitada.
Técnica
A força não é o mais importante, mas sim o uso adequado das técnicas de defesa pessoal urbana.
Emocional
Manter o controle emocional para evitar um desfecho trágico para a situação.
Discrição
Evitar uma conduta que chame a atenção de criminosos e que possa atraí-los. Não ostentar objetos de valor, por exemplo.